Eu te amo, mas eu escolhi ser otimista


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Ela me deu um beijo. É bem provável que eu tenha dado o beijo a ela. Mas foi assim que começou: com um beijo. Não um beijo, mas uma sucessão de beijos entre estranhos ligeiramente ébrios.
Trocamos nossos telefones, nos despedimos e eu saí da festa. Ela continuou lá com suas amigas. Chamei um taxi e fui pra casa, pensando naquela moça, se era loira ou ruiva, alta ou baixa, já não me lembrava tão bem, mas naquele momento eu a amei.
Pedi, não, não pedi, supliquei ao taxista que voltasse para o lugar onde ele havia me apanhado, pois tinha ali uma garota, loira ou ruiva, alta ou baixa, que era o amor da minha vida.  Interessado apenas em meu dinheiro, o cruel taxista me levou à fonte de meus desamores. Quando cheguei ao local avistei a moça, loira ou ruiva, alta ou baixa, saindo de mãos dadas com outro rapaz. Não pedi, não supliquei, ordenei que o frio motorista voltasse à rota que lhe havia orientado antes.
Ao entrar em meu apartamento, o sono me consumia, mas eu não conseguiria descansar minha mente, não depois de encontrar e perder meu amor.  Fechava os olhos e ela estava lá, chamando o taxi, ele fumando o seu cigarro e ela dando uma tragada.
Não consigo vê-los dentro do carro, mas o taxista, membro de uma classe trabalhadora que parece me odiar, não demorou a deixá-los em casa. Tampouco os vejo enquanto sobem as escadas, ou o elevador, não sei, sugiro escadas, porque demoram demais a chegar até o apartamento. O que poderiam estar fazendo?
Os dois estão indo pra cama e meu estômago se embrulha. Já não sei mais se o que vejo agora eu realmente vi, ou se está tudo em minha cabeça. Ah! Ela está tocando no peito dele, ele está tirando o vestido dela.
Não, eu não posso olhar. Isso apenas me machuca, me mata aos poucos, vai tomando o controle de mim. Tomou o controle.
Nado agora no amargo mar de ciúmes cujas ondas fazem os sons de seus gemidos mesclados com uma infernal canção de ninar. Ao mergulhar vejo novamente seus corpos se tocando, que desculpas ela usará se eu a ligar amanhã?
Mas esse é o preço que se paga por amar dessa forma. Ciúmes é o preço do amor.
Decidi que tudo isso é um sonho. Sim, só pode ser um sonho! Só preciso esperar amanhã chegar, abrir meus olhos otimistas, e ligar para ela, a moça loira ou ruiva, alta ou baixa. 

Eu te amo, mas eu escolhi outros autores


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Ressuscitei o blog mas já não sei o que escrever nele. Faço esboços mas tudo parece simplesmente horrível.
Decidi que vou resumir minha semana usando palavras de outros, uma vez que as minhas não serão capazes de expressar o que se passou.

"Gastei uma hora pensando num verso
que a pena não quer escrever. 
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."

Poesia - Carlos Drummond de Andrade

"...mesmo, quando alguma pessoa muito importante não atende as suas expectativas o que você faz?
Se gostar muito da pessoa, releva, perdoa.

Mas ela te desaponta denovo. E denovo.

A dúvida começa a surgir. "Será que eu estou fazendo papel de idiota?" essa entre outras frases começam a se repetir em sua mente, desencadeando o caminho da descrença..."
http://sempremosso.blogspot.com/

"...Because in all of the whole human race
... there are two kinds of men and only two

There's the one staying put in his proper place

And the one with his foot in the other one's face

Look at me... look at you.

Now we all deserve to die

Even you... even I"
Sweeney Todd, the Demon Barber of Fleet Street

"não existe o amor
Apenas provas de amor"
Provas de Amor - Titãs


"Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky you'll get by

If you smile through your pain and sorrow

Smile and maybe tomorrow

You'll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness

Hide every trace of sadness

Although a tear maybe ever so near

That's the time you must keep on trying

Smile, what's the use of crying?

You'll find that life is still worthwhile

If you just smile"
Smile - Charlie Chaplin

Mas ao final de uma semana rollercoaster, Ego percebeu que o Elo estava vivo e que Tu não o havia esquecido/abandonado. Pode-se dizer então que é um final feliz.

Eu te amo, mas eu escolhi Ego.


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Aqui vai meu primeiro texto alegórico. Críticas são bem vindas - not.


Ego, Elo, Tu

Em uma de muitas das voltas que o mundo dá, duas crianças, Ego e Tu, receberam uma estranha forma de vida com o nome de “Elo” e prontamente aceitaram a missão de cuidar do “Elo”.



Graças ao “Elo”, essas crianças tão diferentes uma da outra brincaram e se divertiram por longos anos, sem jamais terem tido nenhuma desavença.


No começo da idade adulta, o “Elo” ainda se via forte. Apesar das dificuldades que cada uma das crianças passou no decorrer de seu crescimento o “Elo” sempre as unia, e por isso era muito freqüente encontrá-las fazendo atividades juntas.


De repente o “Elo” ficou doente, Ego e Tu não davam mais tanta atenção assim a ele, e o tratavam como leviano. O “Elo” enfraquecia cada vez mais, e os dois não pareciam se importar, à medida que se distanciavam um do outro.


Ego, em um raro momento não egocêntrico, percebeu que “Elo” não se movia e estava gelado, com os olhos fechados. Chamou Tu para tentar reanimar o “Elo” que os ligara, mas Tu não demonstrou interesse. Não agüentando a apatia de Tu, Ego começou a tratá-lo rispidamente, enquanto este se afastava de Ego e do antigo “Elo”.


Preocupado, Ego resolveu levar “Elo” para o hospital, mas ele era muito pesado para ser carregado por uma pessoa só, enquanto isso Tu observava calado e distante.


As horas corriam e Ego continuava arrastando o “Elo” e Tu não demonstrava o mínimo interesse. Ego resolveu então dar margem a um hábito seu: pensar e analisar. Toda a sua trajetória com Tu, todos os anos cuidando do “Elo” e os recentes dias de negligência passaram por sua cabeça. Ele tinha ainda duas dúvidas: “Tu quer ver morto o “Elo” por algum motivo? Ou será que Tu percebeu que o “Elo” está morto e eu ainda não?”


“Tu” – disse Ego – “Existe algum problema, algum motivo que faça você desejar a morte do “Elo?””


“Não. Por que pergunta?” – Tu devolveu


“Você está parado, calado. Não tem feito nada pelo nosso “Elo”. Por isso.” – respondeu Ego com tristeza


“É que você foi ríspido comigo” – disse Tu em resposta


Tu continuou parado. Ego, depois de obter mais informações, pôs-se a pensar novamente. “Ou Tu se distanciou tanto do “Elo” que não percebe a necessidade de salvá-lo... ou ele já percebeu que o “Elo” está morto.”


Ego deixou o “Elo” deitado no chão, ainda em dúvida se esse vivia ou era apenas um cadáver pesado, enquanto Tu esboçava cumprimentos e palavras mecânicas, nada naturalmente.


Ego levantou-se e olhou nos olhos de Tu e disse: “O “Elo” está morto.”

Eu te amo, mas eu escolhi amadurecer


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Quando postei aqui pela última vez estava para completar 16 anos. Tinha a ilusão de que o ano seguinte (2007) seria o mais importante em minha vida, seria um ano de decisões e de mudanças, mas vejo agora que aquele foi apenas o primeiro ano de mudanças e decisões importantes.
O que mudou em mim nesses três anos? Tanta coisa e ao mesmo tempo, tão pouco mudou. Na época estava preocupado com um amigo que passava por uns problemas difíceis, e advinha só? Ele ainda passa pelos mesmos problemas (e eu ainda me preocupo!). Discutia sobre tudo (as pessoas, o futuro, o passado, o universo...) com uma das mais importantes mulheres da minha vida, e ainda faço isso.
Então o que diabos mudou?! Minha visão de tudo. A versão teen do Thiago era um sujeito nervoso, com um senso de justiça deturpado e com pensamentos muito, muito imediatos. Não ouso jamais dizer que estou zen hoje em dia, mas pelo menos tô com uma linha de pensamento semi-hippie. Como assim semi-hippie Thiago? Está se desapegando do que é material e indo viver em comunidades? Não. Não. Aprendi que a bondade é mais importante que a justiça, e por causa de experiências frustradas que eu tive, aprendi o valor de cada pessoa, individualmente, mesmo as que ainda não conheço. Sou um pouco mais tolerante, mas em contrapartida estou um pouquinho, quase nada, mais exigente.
Mas pô, o blog tá de volta e eu vou ficar falando de mim? Na maior parte do tempo, sim. Não como esse primeiro post, que é basicamente eu dizendo "Olha só como eu sou foda, eu sou bonzinho, e superior a vocês" - not. Mas o objetivo eu postar aqui a minha visão das coisas. Banal ou crucial. E talvez até poste uns textos (emo) aqui.
Se  você presta atenção a detalhes, deve estar se perguntando: Cadê os posts pré-semi-hippie?
Eu os li hoje, todos. Mas tive que virar para o pequeno "Thits" e dizer: Eu te amo, mas eu escolhi amadurecer.