Eu te amo, mas eu escolhi a vida


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“Eu já vivi muito, já posso morrer”. Ouvi essa frase já algumas vezes no decorrer de quase duas décadas. Frequentador que sou de botequins, não pude deixar de filosofar sobre isso da última vez que a ouvi. O que é viver muito? Quando é o ponto que você já pode parar de viver, por ter vivido demais?
Para sabermos o que é viver muito primeiro precisamos saber o que é viver. O que é viver, caramba?! O dicionário diz que viver é “ter vida ou existir”. Sendo assim, tudo que existe vive muito, já que estão existindo o tempo inteiro. Mas acho que não é isso que as pessoas que “viveram muito” querem dizer.
Me ponho a pensar sobre o que já fiz na vida. Meu, eu já fiz muita coisa. Aprendi muita coisa. Tá, vivi muita coisa. Já me mudei, já saí de casa, já voltei pra casa, já fugi de casa e ampliei o meu conceito sobre o que é casa. Já tive bons amigos, daqueles que viram irmãos, já tive uns que... não. Já tive inimigos, por que não? Mas pelo desgaste energético, hoje eles fazem parte dos não amigos.
Já brinquei (e como!), já briguei (e como!!), já ri e também chorei. Já me arrependi, já me perdoei e já te perdoei. Já vi pessoas queridas entrando em ciladas sem poder fazer nada pra ajudar, mas também já tirei tanta gente de roubada...
Já caí, já me quebrei, já levantei, já sarei. Já gostei, já desgostei, já recaí, já superei. Já vi tanta gente partir, tanta gente voltar, tanta gente partir sem a chance de voltar...
É, fera, eu também já vivi. Aliás, estou vivendo. Mas não me conformo, não me contento, não me satisfaço. Ainda tenho muito o que viver, muitas casas pra morar, muitos bons amigos pela frente, muitos nem tão bons assim, muita brincadeira, nem tantas brigas (se possível), muitas risadas e lágrimas de alegria, ainda muita coisa pra me arrepender, pra me perdoar e também para te perdoar, muita gente para eu ajudar, e conseguir salvar. E que eu caia, que eu me quebre, que eu levante e que eu sare. Gostando, desgostando, recaindo e superando. É, ainda muita gente vai partir, mas também tem gente que vai voltar, e no final... vai tá todo mundo de volta.
Eu já vivi muito... e quero viver muito mais.

4 Response to "Eu te amo, mas eu escolhi a vida"

  1. ai thiii, muiiito legal! Amei o texto!
    Sabe eu fiquei pensando, o que importa nao eh se vivemos muito, pode ser que realmente viveremos pouco... mas o que realmente faz a diferenca eh como vivemos! Nao podemos deixar a vida passar em branco, se fizermos isso, viveremos em vao. xD
    Vamos ter que marcar um botequim pra filosofarmos pra caramba.

    Beijo

    p.s. coloque nosso livro nos seus planos de vida :P

    Engraçado, ontem mesmo eu estava conversando com um amigo e reclamava sobre minha vida instável. Nunca morei por muito tempo na mesma casa, nunca fiquei por mais de dois anos na mesma escola... E com isso conheci várias pessoas e realidades diferentes. Lendo o seu texto eu percebi que essa "instabilidade" não é tão ruim assim, pelo contrário, tenho 20 aninhos e já vivi tanta coisa que muita gente de 30 não viveu ainda! E ainda quero viver muito mais!
    Parabéns pelo texto! BjoO

    Ficou muito bom, Thits.
    Transmite uma coisa que muitos de nós, aos 20 anos, pensamos...mas ninguém consegue expressar direito. Você fez isso e ainda falou com a mesma linguagem que muitos usariam, soubessem eles definir esse sentimento.
    As pessoas mais velhas deveriam ler isso...e é bom pensar também sobre uma coisa: Por que os mais velhos já perderam esse 'ânimo', essa vontade de continuar vivendo e modificando as coisas, hein?

    "Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional." (Agatha Christie)

    Lembrei do seu texto ^^